Digamos que você goste muito de uma obra de arte à venda em um leilão ou galeria de arte e esteja disposto ou disposta a comprar a obra ou mesmo tentar comprar, se for leilão. Supomos que você deseja demais a obra, vai atrás de obras similares para comparar valores, verifica que o preço está dentro do esperado. Você analisa suas conta vê que é possível comprar. Está tudo pronto para a compra.

Neste caso qual é o próximo passo? Adquirir a obra? Pensar mais?

O próximo passo é esquecer as contas e ter um olhar mais técnico para a obra de arte. Analisar de fato seu estado de conservação, se achar necessário até contratar um profissional da restauração para dar um aval final, principalmente se a obra é do mercado secundário, o mercado da revenda de obras, só 20abrindo um parenteses, o mercado primário são dos artistas contemporâneo com obras inéditas, obras nunca vendidas estão no mercado primário.

No mercado secundário, as obras já passaram por uma ou mais pessoas. E neste caso o estado de conservação do objeto deve ser levado em conta. Muitas vezes não precisamos de peritos, nós mesmo podemos observar a obra e procurar defeitos, rasgos, tecido danificado, tinta esmaecida, enfim, o nosso próprio olhar pode dar boas pistas da condição da obra.

Quando a obra não é muito cara podemos nós mesmo analisar, agora para obras de valor agregado alto o ideal é contratar alguém com olhar técnico para produzir um laudo de conservação. Normalmente são restauradores os profissionais que emitem esse laudo.

E o estado de conservação de uma obra vai influenciar diretamente em seu preço. Por exemplo, obras que sofreram restauração terão um valor menor do que obras que não tiveram nenhuma intervenção.

A própria restauração só é utilizada em último caso, é uma intervenção muito invasiva na obra de arte e de acordo com o grau de intervenção o preço pode ter grande flutuação.

Algo que sempre presto atenção nas obras de arte é seu ano de produção. É comum vir a data na assinatura, atrás do chassis se for pintura, no documento de compra e venda, enfim, pode ser descoberto em alguns casos. E a idade do objeto nos dá bastante indícios de como o objeto deveria estar naquele momento. Obras com idade avançada e em papel estarão mais amareladas. Pinturas a óleo com pouca idade vão estar com a tinta mole.

A idade do objeto diz muito sobre ele e sua história, pois uma obra em papel pode estar amarelado e só ter oito anos, por exemplo, isso significa que foi mal conservada, não é uma obra que vale a pena adquirir.

Agora uma obra de 30 ou 40 anos amarelada pode ser considerada uma obra bem conservada de acordo com seu estado geral.

Outro fator que levo em conta quando analiso uma obra é sua procedência. A procedência de uma obra de  arte diz tudo sobre seu grau de conservação. Obras provenientes diretamente de  Galerias ou ateliês dos artistas tem uma chance maior de estarem bem conservadas porque muitas vezes nesses locais o ambiente tem a temperatura e umidade controlada.

E para finalizarmos, uma questão que sempre levo em conta quando vou comprar uma obra de arte é se ela precisa de restauração e se é possível restaurar. Como sou especializado em papel, eu sei que tem alguns papéis que não aceitam restauração. É sempre um grande problema essa questão, então fico muito atento se o papel é de algodão, alfa-celulose ou comum.

Com pinturas é importante pensar nos mesmos princípios, se for uma obra que precisa de restauração é bom fazer um orçamento antes de adquirir, porque a restauração de pinturas é bem cara e feita por uma mão de obra difícil de encontrar no mercado. Já com o valor da restauração em mãos vale a pena tentar negociar com o vendedor um desconto equivalente.