NFT foi eleita a palavra do ano de 2021, pelo dicionário Collins. De acordo com a reportagem do The Guardian, a escolha se deu pelo fato da sigla em inglês (non-fungible token) ter um aumento de 11.000% no seu uso. A venda do NFT do artista Beeple, no começo do ano, pelo valor de aproximadamente US$ 70 milhões, colaborou para esse crescimento, afinal quem ainda não conhecia o termo passou a conhecer e mais, querer saber o que eram esses tais tokens. O assunto permaneceu quente durante todo o ano: cursos, lives e cobertura dos acontecimentos pelos mais variados veículos, a tecnologia blockchain finalmente se estabeleceu, pelo menos como assunto.

As blockchains, sempre descritas como um grande livro-razão, são redes que proporcionam transparência e descentralização. Com a implementação de contratos inteligentes temos a possibilidade de transformar as mais variadas criações em NFT’s, garantindo, dessa maneira, autoria, autenticidade e recebimento de royalties por vendas futuras. Se eu tivesse que indicar quais as principais vantagens trazidas por esse advento eu diria: soberania e queda de algumas barreiras de entrada para artistas. Mas sem dúvidas, não posso deixar de mencionar a irrupção de novas técnicas de criação, novas formas de perceber, interagir, consumir e distribuir obras artísticas; tudo isso com a tão almejada compensação apropriada, tanto do ponto de vista cultural quanto do financeiro.

blockchain

Variados tipos de NFT’s

Mas para além dos NFT’s, a tecnologia blockchain já pode se prevista em diversas situações. Operações financeiras globais, com a eliminação de intermediários (instituições financeiras) ganha-se agilidade e a redução expressiva de taxas. No setor da saúde as pessoas podem ter seu histórico médico (consultas, exames, procedimentos, receitas, etc.) reunido em uma base única e ter o total acesso e controle dessas informações. Certificação e acompanhamento de toda a cadeia logística, desde a origem até o destino, de um produto. Identificação eletrônica, como o exemplo da Estônia, o país desenvolveu sua própria rede blockchain, chamada Ksi, projetada como uma solução de segurança centrada na privacidade para proteger redes, sistemas e dados. A Ksi é usada em diversos setores – desde dados de tribunais até identidade eletrônica.

Em uma entrevista para a Época Negócios, a futurista Amy Webb foi bastante categórica: “Eu acredito que, daqui a dez anos, vamos olhar para o metaverso da mesma maneira que olhamos hoje para a internet. Ninguém fala mais sobre a internet, ela apenas existe. Quando falamos em metaverso, estamos nos referindo a diferentes tecnologias que simulam ou recriam experiências do mundo real de maneira imersiva, com a adição de novos elementos. Há um leque de ferramentas envolvidas. Além da alta conectividade, são necessárias tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual e ainda realidade reduzida – quando você tira coisas do ambiente real para simular uma situação”.

A tecnologia blockchain não é a solução para todos os problemas, mas suas características de transparência e descentralização permitem a construção conjunta de uma rede se não mais justa, pelo menos mais equilibrada. Já vimos com os escândalos envolvendo o Facebook (Meta) que a centralização dos dados, e sua utilização indevida, pode ser desastrosa. Mas com os códigos abertos e as ferramentas disponíveis talvez, por meio da blockchain, seja possível começar a concretizar a tão sonhada web 3.0, uma rede feita por pessoas para pessoas.