Os NFT’s continuam com muitas novidades e cada vez mais a tecnologia blockchain mostra as suas possibilidades

Blockchains, contratos inteligentes e NFT’s não são assuntos exatamente novos, mas foi no início de 2021, com a venda da obra do artista Beeple por um valor recorde, que as manchetes foram tomadas por reportagens e artigos sobre o tema; eu mesma precisei pesquisar e escrever os meus. Tendemos a ver novidades com alguma desconfiança, principalmente quando trata-se de um tópico complexo, a tecnologia blockchain pode assustar a princípio, mas a medida que vamos nos inteirando, colhendo informações (de fontes confiáveis) e acompanhando as notícias logo essa primeira cisma passa.

Acusações de bolha, esquema de pirâmide ou feitiçaria não faltaram, o que não é surpresa, já que também vimos uma série de golpes e outras atividades ilícitas envolvendo Bitcoin, isso é algo que infelizmente é esperado e não precisa de blockchain para acontecer, o Whatsapp tá cheio, para citar apenas um exemplo. Mas precisamos persistir um pouco mais para poder vislumbrar as possibilidades trazidas por essa tecnologia.

Quando observamos duas das características principais da blockchain – principalmente tendo no horizonte os escândalos envolvendo o Facebook/Meta – transparência e descentralização começamos a enxergar o potencial dessa tecnologia. A blockchain funciona como um livro-razão onde todas as operações ficam registradas. Não existe um servidor central, que concentra todas as informações, como ocorre normalmente. Cada computador ligado à rede possui uma cópia integral desses registros e participam da sua validação. As transações são aferidas e reunidas em blocos que são encadeados e não podem ser alterados, ou seria muito difícil, pois a alteração teria que ocorrer em cada computador. Essas informações são criptografadas e só podem ser utilizadas com a anuência dos usuários.

Dentro da blockchain existem os contratos inteligentes, que são linhas de códigos que determinam a execução automática de uma determinada ação quando verifica-se o atendimento de todos os requisitos. Um exemplo bastante difundido, só para ilustrar, é o da máquina de refrigerante: você escolhe o produto, introduz o dinheiro e quando a máquina confirma que a sua parte foi cumprida ela cumpre a parte dela, liberando o produto e o troco, se houver. Sem intermediários ou interferências e tudo fica registrado. Cada blockchain possui um token nativo (criptomoeda) o que já elimina a mediação de um banco em qualquer operação.

Os NFT’s e os contratos inteligentes representaram uma alternativa importante para artistas, tanto digitais quanto os demais. A garantia de autenticidade e originalidade com o registro NFT e a autoexecução dos contratos inteligentes possibilitam a venda direta por parte de artistas e ainda asseguram os direitos autorais e o ganho de royalties toda a vez que o NFT é revendido. Mas as aplicações não param por aí. Ingressos, acompanhamento da cadeia de produção de um produto, identificação digital e histórico médico/hospitalar são alguns exemplos de atividades que podem se beneficiar com a blockchain. Transparência com respeito à privacidade e decentralização.

Algumas notícias

E as novidades no mundo das artes não param. Picasso está para lançar um NFT, bem, não ele exatamente, mas uma neta e o bisneto, Maria e Florian Picasso, digitalizaram uma cerâmica inédita do famoso artista espanhol. Datada de outubro de 1958, a peça agora digitalizada, tem o tamanho de uma grande saladeira. De acordo com Marina Picasso, a peça faz parte de sua vida em família e representa a “felicidade”. A casa especializada em leilões Sotheby’s realizará, em março, o leilão que incluirá um NFT exclusivo e a própria obra de cerâmica. As primeiras peças digitais, no entanto, já começam a ser vendidas no próximo dia 28/01.

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Marina e seu filho Florian (neta e bisneto de Picasso) com a cerâmica que será leiloada | Foto: Boris Heger/AP

E a memorabilia parece estar mesmo em alta, alguns itens dos Beatles serão leiloados por Julian Lennon, entre eles três guitarras dadas a ele por seu pai, John, e notas manuscritas sobre a canção “Hey Jude”, de 1968. Mas não serão as peças físicas, serão os NFT’s. Julian preparou um audiovisual narrando cada memória afetiva trazida pelas peças. Como explica Julian: “Eu me sinto incrivelmente sortudo por viver em um tempo no qual a inovação me permite compartilhar pedaços tão pessoais de minha história familiar. Através dessa coleção de NFT’s, eu posso garantir acesso exclusivo a itens especiais que estimo e carrego sobre o legado do meu pai de uma nova maneira”.

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Julian Lennon posa em frente a memorabilia dos Beatles que será vendida em NFTs em leilões virtuais – Foto VALERIE MACON-AFP

MusicArt é uma plataforma recém-lançada especializada em NFT’s de artes produzidas para singles/álbuns além de itens colecionáveis como autógrafos, dedicatórias, pôsteres e tudo o que for relacionado à música. Ela opera na blockchain Bitcoin BSV, muito mais eficiente, limpa e escalável que a BTC. “MusicArt é uma nova plataforma NFT focada exclusivamente em celebrar arte e imagens baseadas em música, tornando-se o ambiente perfeito para os músicos trocarem suas artes visuais sem medo de se perderem em um mar de NFT’s em gêneros não relacionados em outras plataformas” disse Peter Ruppert, CEO da MusicArt durante o anúncio.

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Site MusicArt

A tecnologia blockchain, contratos inteligentes e os NFT’s continuam em destaque e mostram que podem ser utilizados em diversas frentes. Longe de ser algo passageiro essa tecnologia vem atraindo cada vez mais entusiastas que percebem a liberdade e os benefícios que a transparência e a descentralização podem trazer.