Investir em arte

Diversificar os investimentos não é apenas equilibrar sabiamente o portfólio entre ações e títulos. Ativos alternativos, como obras de arte, também podem gerar ganhos em longo prazo.

A coleção e o investimento em arte não estão mais limitados à elite rica. Se você se interessa por arte, pode diversificar seus bens e até encontrar algo legal para pendurar na parede. No mínimo, seu investimento parecerá muito melhor do que um certificado de ações.

Arte é um bom investimento?

Apesar dos altos custos associados ao investimento em arte, ela ainda pode merecer um lugar no portfólio.

O mercado de arte não está altamente correlacionado com os mercados de ações ou títulos. Isso é exatamente o que os investidores devem procurar ao diversificar seus ativos. Não importa o que os mercados financeiros estejam fazendo – subindo ou descendo – o mercado de arte não é afetado. Enquanto as ações e os títulos estavam caindo no primeiro semestre de 2022, os leilões de arte estavam estabelecendo novos recordes.

Em 2020, o mercado de arte enfrentou um ambiente desafiador quando os leilões presenciais foram cancelados devido à pandemia do COVID-19. O volume de negócios na arte contemporânea caiu 34%, e muitos leilões e galerias passaram a ser online, o que ajudou a criar um novo canal de vendas. E no último ano o volume de negócios e as transações atingiram um novo recorde histórico. Nunca vendeu tanta arte.

E a medida que enfrentamos taxas de inflação mais altas o investimento em arte pode ser uma boa proteção de patrimônio.

É possível gerar retornos positivos investindo em arte.

O que você deve saber antes de começar

Quando você investe em uma obra de arte, você a compra com a expectativa de que a demanda por essa peça ou peças semelhantes aumentará mais rapidamente do que a oferta. Se isso acontecer, o valor da peça aumentará e você poderá vender com lucro.

O maior problema de um investimento assim é que é difícil saber qual artista será a nova grande sensação do mercado. Tudo é uma aposta.

O mercado dá alguns indícios, porém também dá os mesmos indícios para artistas que não vão tão longe.

Para quem deseja investir em arte existem dois caminhos.

O primeiro é de adquirir as obras e guardar em acervo. Pendurar na parede da casa ou deixa em uma reserva técnica particular. É possível contratar um serviço especializado em guardar arte.

O segundo caminho e mais simples é participar de algum fundo nacional ou internacional especializado em arte. Assim você diminui a taxa de erro e não precisa se preocupar com armazenamento da arte. Tem alguns fundos nacionais que aceitam investimentos a partir de dez mil reais e fundos estrangeiros com investimento a partir de dez mil dólares.

Os fundos de investimento em arte tem uma equipe especializada na compra de itens que realmente vale a pena. A aquisição de arte é uma ciência que só pessoas especializadas conseguem se dar bem.

Para quem gosta de colecionismo a compra e venda de  arte pode ser bastante prazeroso. É uma técnica para ser desenvolvida com tempo e a partir de bons contatos. A rede de parceiros é fundamental para você entender do assunto.

O maior problema do colecionismo é por ser um ativo tangível e sólido ao contrário de ativos intangíveis, como fundo de investimento do mercado em geral. A obra de arte requer cuidados e manutenção para garantir o seu valor. Quando estão expostas em casa devem seguir as mesmas normas de uma reserva técnica com controle de umidade, temperatura e raios solares.

Onde comprar a primeira arte?

Você pode encontrar arte nos mais variados ambientes e com diferentes níveis de valor. Primeiro é importante saber quanto deseja investir. Para valores acima de trinta mil as Galerias são os melhores locais para encontrar boas obras. Elas têm certa preocupação em vender apenas artistas que realmente acreditam que vá dá certo.

Nas galerias de arte primária vamos encontrar artistas emergentes com uma trajetória interessante e artistas consagrados. Nas galerias de arte secundária estão os artistas já falecidos e com uma carreira artística reconhecida.

No início o ideal é seguir as instruções dos galeristas. Eu sugiro que você ouça com atenção o que o galerista fala de determinado artista e depois aprofunde a pesquisa, vá à exposição, visite seu atelier. Você tem que ter uma visão analítica se aquele artista é tudo o que o galerista falou. Confie mas não confie tanto.

Visite mais de um espaço! Se você não tem preferência por artista pesquise várias galerias até adquirir essa preferência.

Os leilões são ótimos locais de compra de arte. Participe como ouvinte de alguns leilões on-line. Dá para assistir leilão quase todo dia se considerarmos leilões no mundo inteiro.

Se a ideia é investir em arte, mas nem tanto. Não tem problema, temos as obras em papéis que também vão ter várias categorias de valores.

Os desenhos, aquarelas e pinturas e as gravuras. Se pegarmos um mesmo artista sua aquarela vai ser mais cara que a gravura. Como a gravura é uma obra de tiragem limitada tende a ter um preço menor. São investimentos entre mil e 10 mil reais. Os desenhos de artistas consagrados irão custar acima de oito mil reais.

O maior problema da obra em papel é o armazenamento. Por ser mais delicado que uma pintura é necessária um cuidado maior.

Se você não quer o incômodo de possuir uma obra de arte, ainda é possível investir em obras adquiridas em fundos de investimento em arte.

Os fundos de investimento em arte agem exatamente iguais a outros fundos de investimento, a diferença está apenas no que é investido. A grande vantagem de participar de um fundo de investimento é que você não se preocupa com a obra como objeto físico e todo o custo que envolve sua conservação, além de mitigar as perdas caso aconteça.

Os índices das artes

Em 2018, a Artprice lançou seu Índice Artprice100, que se concentra em artistas de primeira linha. A empresa diz que o índice cresceu a uma taxa média anual de 8,9% de 2000 a 2017. Enquanto isso, o S&P 500 cresceu menos da metade dessa taxa durante o mesmo período (que, notavelmente, começa pouco antes do estouro da bolha pontocom e inclui a Grande Recessão ). No entanto, o S&P 500 superou o Artprice100 todos os anos de 2015 a 2020.

No entanto, existem alguns problemas com esses índices focados na arte. Primeiro, eles contabilizam apenas os preços de leilão das obras de arte vendidas. Todos os custos associados ao investimento em obras de arte são desconsiderados. O preço de venda de uma peça pode não gerar nenhum lucro se a arte for vendida a um preço inferior ao valor dos custos iniciais (incluindo impostos sobre vendas, transporte e avaliação).

O segundo problema é um fenômeno chamado “selection bias”. Os preços do mercado de arte não são atualizados a cada momento ou dia, como os preços dos títulos negociados nos mercados financeiros. Os índices de arte são baseados nos dados de leilão disponíveis. Se uma obra de arte nunca vende em leilão, então não há dados. Os números são obscuros nesse caso e só servem de referência.

Para um investimento mais seguro o ideal é buscar instituições com fundo de investimento especializado em arte. Agora se a ideia é entrar no mercado do colecionismo e começar a adquirir as obras o caminho é estabelecer uma rede de contatos que conta com galeristas e artistas.